ODS 1
Manter meninas na escola pode aumentar o PIB de países pobres

Estudo aponta para crescimento médio de 10% caso todas as adolescentes, mais afetadas pela evasão escolar, concluíssem o ensino médio

Manter meninas na escola até completarem o ensino secundário pode ajudar as economias de países pobres. Isto faria o PIB destas nações crescer dez por cento na média na próxima década. Os dados são de um estudo conjunto da organização Plan International e da empresa de serviços financeiros Citi´s Global Insight.
Cada dólar gasto com direitos e educação das garotas resultaria em 2,8 dólares, o equivalente a bilhões extras em PIBs. “O plano de recuperação da COVID-19 que priorize o investimento em educação e bem-estar das jovens irá ajudar as economias em um quadro geral de depressão”, diz Anne-Birgitte Albrectsen, principal executiva do Plan International.
Cerca de 130 milhões de jovens em todo o mundo já estavam fora da escola antes da chegada da pandemia, de acordo com a Unesco, braço para a educação das Nações Unidas, segundo a qual outras onze milhões podem não retornar às aulas depois da pandemia. Garotas provavelmente são mais propensas a abandonar o ensino, com famílias investindo mais nos homens do que nelas. Violência, pobreza e casamentos prematuros também impactam o acesso a escolas.
O novo relatório, baseado em um estudo de oito países pobres e em mercados emergentes como Egito, Uganda, Bolívia e Laos pede uma abordagem “holística” com medidas que reforcem educação, saúde e a prevenção da violência. Alguns países de baixa renda têm condições de lutar para assegurar que todas as garotas completem sua educação dentro da próxima década, afirma o estudo.
O trabalho nota que o objetivo está incluído em metas ambiciosas de desenvolvimento aprovadas por líderes mundiais em 2015, e que incentivar a inclusão feminina pode aumentar o bem-estar e a prosperidade em toda a sociedade. “A erradicação das barreiras para a educação e o desenvolvimento das jovens é uma chave para se alcançar muitas das Metas de Sustentabilidade da ONU”, diz Andrew Pitt, chefe de pesquisa global do Citi´s.

O estudo foi bem recebido pelo grupo de igualdade das mulheres Equality Now, segundo o qual são necessárias mais ações para enfrentar barreiras à educação. “A obtenção de educação formal completa é crítica para o sucesso econômico, social e político dos adultos”, diz Alexandra Ptasalides, líder do grupo. “Quando as jovens perdem estas oportunidades, isso leva a uma geração de mulheres impactadas negativamente”.
No longo prazo, as medidas favoráveis têm repercussões muito mais amplas devido a um efeito cascata em famílias e comunidades locais. O Citi’s decobriu que o investimento de U$ 1.53 por dia para cada jovem pode fazer diferença significativa.
Os benefícios da maior igualdade para as mulheres são bem conhecidos, mas o papel das adolescentes é muitas vezes subestimado. Parte disso se deve ao precário levantamento de dados, e quando são coletados, dizem respeito a um setor específico, como os impactos do investimento apenas em educação, ou apenas em saúde.
O Citi´s acredita que vários fatores estão interconectados e não podem ser enfrentados um separado dos outros. Há necessidade de cooperação entre governos, ONGs, setor privado e instituições filantrópicas.
“Se os envolvidos operam em casulos, a mudança vai acontecer – mas um custo maior, com menor impacto e a um prazo mais longo. Não há tempo a perder”, afirma a organização. “O investimento nas jovens deveria ser priorizado em todas as economias, não só porque é a única coisa a fazer, mas também porque traz retornos sem paralelos na sociedade por gerações”.
Gostando do conteúdo? Nossas notícias também podem chegar no seu e-mail.
Veja o que já enviamos“Os benefícios econômicos não podem ser obtidos por um gesto de mágica. Leva tempo para se conseguir que muitas jovens educadas saiam das escolas e ingressem na força de trabalho. Isto significa intervenções sustentadas e investimentos necessários agora”.
Relacionadas
Últimas do #Colabora
Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.