ODS 1
Diário da Covid-19: pandemia avança na Índia, Paquistão e Bangladesh

Em conjunto, os três países do Oceano Índico reúnem mais de 20% da população do Planeta e somam 6,2% dos casos e 2,6% das mortes

A pandemia do novo coronavírus começou na China, avançou para o Irã e a Europa, depois foi para a América do Norte e, atualmente, tem seu epicentro na América Latina, particularmente no Brasil, que está na liderança dos números diários, inclusive à frente dos Estados Unidos. Mas existem três países – que faziam parte de uma só nação e uma grande civilização – que estão apresentando rápido crescimento do número de casos e um crescimento significativo, mas não tão rápido do número de mortes. Índia, Paquistão e Bangladesh, juntos, possuem uma população de 1,76 bilhão de habitantes e agora começam a se destacar no ranking global da pandemia de covid-19, embora estejam bem distantes dos números do Brasil.
Os três países em conjunto possuem 21,1% da população do Planeta, mas possuem 6,2% dos casos e 2,6% das mortes. A Índia, com 17,7% da população mundial, possui 3,8% dos casos e 1,9% dos óbitos. Paquistão, com 2,8% da população global, registra 1,5% dos casos e 0,5% das mortes. Bangladesh, com 2,1% da população mundial, possui 1% dos casos e 0,2% dos óbitos. Já o Brasil se destaca, pois possui 2,7% da população do mundo, mas acumula 10% dos casos e 9,3% das mortes.

Evidentemente, deve haver muita subnotificação nos três países asiáticos, pois Bangladesh fez 2,6 mil testes por milhão de habitantes e a Índia e o Paquistão em torno de 3,5 mil testes por milhão. Mas estes números não estão tão distantes dos que o Brasil apresenta. Já os EUA, por exemplo, fizeram 67 mil testes por milhão. Porém, mesmo com números subestimados, os valores atuais indicam que a situação está se agravando nos países do oceano Índico.
O Brasil possui os maiores coeficientes de incidência e de mortalidade, assim como maior taxa de letalidade (5,2%), sendo 3.482 casos por milhão de habitantes e 181 óbitos por milhão, enquanto os números globais são de 938 casos por milhão e 53 óbitos por milhão. Os três países do sul da Ásia apresentam coeficientes bem menores, conforme mostra a tabela abaixo.
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Veja o que já enviamosO gráfico abaixo mostra que os EUA são o país mais impactado pela pandemia, tendo ultrapassado 2 milhões de casos e 114 mil mortes no dia 09 de junho. O Brasil vem em segundo lugar em número de casos, enquanto a Índia já está em 6º lugar, o Paquistão em 16º lugar e Bangladesh em 20º lugar. Mas o número de casos dos EUA está crescendo em torno de 1% ao dia, enquanto os do Brasil e dos 3 países asiáticos estão crescendo em torno de 5% ao dia nos últimos 30 dias.
O gráfico abaixo mostra que os EUA são o único país com mais de 100 mil óbitos. O Brasil está em terceiro lugar com cerca de 40 mil óbitos, mas, até o dia 14/06, deve ultrapassar o Reino Unido que registra cerca de 41 mil vidas perdidas. A Índia com pouco menos de 8 mil óbitos, perdeu menos vidas para o coronavírus, por exemplo, do que o Estado de São Paulo (com quase 10 mil mortes). O Paquistão registrou pouco mais de 2 mil mortes e Bangladesh pouco menos de 1 mil óbitos. A inclinação das curvas abaixo mostra que os EUA já estão estabilizando o crescimento do número de novos óbitos, enquanto os outros 4 países ainda apresentam tendência de aumento relativamente rápido.
Até o momento, a pandemia do novo coronavírus teve um maior impacto em países de renda alta e um menor impacto nos países de renda média e baixa. Segundo o site “Our World in Data”, ligado à Univesidade de Oxford, os países de renda alta, que possuem cerca de 15% da população mundial acumulavam 57% do casos e 72.5% das mortes, no dia 09 de junho de 2020. Mas esta realidade atual pode mudar se os países de renda média e baixa da Ásia e da África seguirem o caminho que está sendo trilhado pela maioria dos países da América Latina.
Frase do dia 10 de junho de 2020
“As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?”
Mahatma Gandhi (1869-1948)

José Eustáquio Diniz Alves é sociólogo, mestre em economia, doutor em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), pesquisador aposentado do IBGE, colaborador do Projeto #Colabora e autor do livro "ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século" (com a colaboração de F. Galiza), editado pela Escola de Negócios e Seguro, Rio de Janeiro, 2022.
Parabéns pela análise e visão. Tenho acompanhado os dados dos países citados a algumas semanas e acho estranho parte da mídia não comunicar sobre. Parabéns pela matéria de altíssimo nível.
É uma pena a péssima qualidade das análises.
Será tão óbvio entender que a comparação entre países deveria ser feita considerando mortes por milhão (e não números absolutos)?
Além disso, por que não se menciona Europa? Será que é porque é lá que estão os países com as maiores taxas de mortalidade por habitante do mundo?
Gostaria de ver análises menos parciais e mais inteligentes… Mas não foi dessa vez.