ODS 1
Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Conheça as reportagens do Projeto Colabora guiadas pelo ODS 1.
Veja mais de ODS 1Às vésperas da discussão na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos da criação de um fundo de US$ 9 bilhões de dólares (cerca de R$ 45 bilhões) para conservação de florestas tropicais, 23 empresas, organizações de povos indígenas e associações da sociedade civil, representando mais de 330 entidades, assinaram carta ao presidente americano Joe Biden e a membros democratas e republicanos do Congresso dos Estados Unidos, pedindo apoio para a aprovação do projeto Amazon21 Act, assegurando esses recursos. “O acesso direto ao financiamento deve ser prioritário para os povos da floresta, que contribuem historicamente para sua conservação e tem seu modo de vida diretamente afetado pela escalada do desmatamento”, afirmam os signatários.
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, a Agropalma (empresa produtora de óleo de palma), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a Fama Investimentos, a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), o Instituto Clima e Sociedade (iCS), o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, o Instituto Socioambiental (ISA) e Observatório do Clima estão entre os signatários. “”Proteger a Amazônia é garantir a existência dos povos indígenas, portanto, instituir o Amazon21 Act é fundamental para garantir a proteção dos territórios, das florestas e das vidas que nela existem”, afirmou Toya Manchineri, da Coiab, na divulgação do documento.
A aprovação da lei norte-americana de apoio às políticas de preservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia significará um claro posicionamento internacional em defesa da vida no planeta e um passo importante para o enfrentamento da emergência climática
Diretor de sustentabilidade da Agropalma, o executivo Tulio Dias Brito enfatizou que o momento é oportuno para que países como o Brasil, que podem se beneficiar do novo fundo, se manifestem com o objetivo de mostrar que há interesse e ações viáveis nessas nações. “É um projeto que está tramitando no Congresso americano e que beneficia diretamente outros países como o Brasil. Então, eles precisam se manifestar”, disse.
O fundo foi anunciado durante discurso do presidente Joe Biden na na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26), em Glasgow, no dia 2 de novembro, com US$ 9 bilhões para financiar a conservação e restauração de florestas. “Esse investimento deve ser feito da forma mais eficiente e transparente possível com o objetivo de manter a floresta em pé. A carta fala sobre isso e ressalta a importância do que entendemos que a prioridade de repasse de recursos se dê para as comunidades tradicionais, as mais afetadas pelas mudanças climáticas”, explicou André Guimarães, da coordenação da Coalizão Brasil e diretor executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
No dia seguinte ao discurso de Biden, o líder da maioria na Câmara dos Representantes, o deputado democrata Steny Hoyer, apresentou o Amazon21 Act (ou America Mitigating and Achieving Zero-emissions Origining from Nature for the 21st Century Act), que cria o fundo fiduciário, possibilitando que o Departamento de Estado, ao qual os recursos estarão subordinados, firme acordos bilaterais de longo prazo com nações em desenvolvimento para erradicar o desflorestamento e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “Consideramos que esta medida representaria um sinal importante do compromisso do presidente Joe Biden e do Congresso norte-americano com o combate às mudanças climáticas”, afirma a carta das organizações brasileiras.
O Amazon21 Act para preservação das florestas será debatido na quinta-feira (12) em uma audiência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, Além de Biden, o documento brasileiro também está sendo enviado para o secretário de Estado, Antony Blinken, para os deputados Nancy Pelosi, presidente da Câmara, Steny Hoyer, líder da maioria e autor do projeto, Gregory Meeks, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara – todos democratas e para o republiano Michael McCaul, membro da Comissão de Relações Exteriores, além dos senadores Bob Menendez (Democrata) e James Risch (Republicano), ambos da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano.
Na carta, as entidades lembram ainda que o Brasil concentra cerca de dois terços da Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo, e que mais de 75% da floresta perdeu a resiliência desde o início do século XXI, de acordo com um estudo publicado em março na revista Nature Climate Change. “A destinação de recursos internacionais, portanto, é imprescindível para evitarmos o colapso de nossos ecossistemas florestais. Entendemos que é fundamental a criação de um instrumento global que apoie os esforços de conservação”, atesta o documento.
Além da prioridade ao acesso direto a financiamentos aos povos da floresta, os signatários pedem ainda o estabelecimento de um sistema de financiamento simples e transparente, com governança ampla e participação da sociedade civil; a constituição de regras claras e receptivas a projetos idealizados por todas as esferas do poder público, de comunidades, organizações do terceiro setor, academia e setor privado; e a destinação de recursos com base em resultados, em especial a manutenção da floresta em pé. “A aprovação da lei norte-americana de apoio às políticas de preservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia significará um claro posicionamento internacional em defesa da vida no planeta e um passo importante para o enfrentamento da emergência climática”, disse Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos.
Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Está de volta ao Rio após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. É criador da página no Facebook #RioéRua, onde publica crônicas sobre suas andanças pela cidade.