O Brasil atinge uma marca que parecia inalcançável há um mês: está ultrapassando hoje, dia 28/04, o número de mortes ocorridos na China, mesmo depois que o gigante asiático refez as contas e elevou o número de vítimas pela covid-19. Ontem, dia 27/04, o país ultrapassou o número de mortes da Holanda. No final de março o Brasil estava na 15ª posição no ranking internacional dos países mais afetado pelo novo coronavírus e hoje, está em 11º lugar no ranking dos casos e 9º no ranking dos óbitos. O Brasil também está a caminho de se tornar a nação mais impactada pela covid-19 entre os cinco países do grupo BRICS.
O panorama nacional e o panorama do BRICS
Os números da pandemia do coronavírus, divulgados na tarde da segunda-feira, dia 26 de abril de 2020, chegaram a 66.501 casos e a 4.543 mortes, com uma taxa de letalidade de 6,8%.
A variação diária do número de pessoas infectadas foi de 4.543 casos (a terceira maior variação diária do mundo, atrás apenas dos EUA e da Rússia) e a variação absoluta de vítimas fatais foi de 338 óbitos (a quarta maior variação diária global, atrás apenas dos EUA, França e Reino Unido). O ritmo do surto no Brasil cresce duas vezes mais rápido do que nos países da Europa Ocidental que estão no topo do ranking.
Entre os países do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a Rússia ultrapassou a China em número de casos e o Brasil se aproxima bastante, com a Índia vindo um pouco mais atrás e a África do Sul com o menor número de casos, como pode ser visto no gráfico abaixo. No dia 01 de abril a China tinha 81,6 mil casos e passou para 82,8 mil casos em 27/04, um aumento de 1,02 vezes (ou 0,6% ao dia). No mesmo período a Rússia passou de 2,8 mil para 87,2 mil, um aumento de 31 vezes (ou 14,2% ao dia). O Brasil passou de 6,8 mil para 66,5 mil, um aumento de 9,7 vezes (ou 9,1% ao dia). A Índia tinha 2 mil casos e passou para 29,5 mil, um aumento de 14,6 vezes (ou 10,9% ao dia) e a África do Sul passou de 1,4 mil para 4,8 mil, um aumento de 3,5 vezes (ou 4,9% ao dia).
A Rússia tinha 24 mortes no dia 01/04 e passou para 794 mortes em 27/04, um aumento de 33 vezes (ou 14,4% ao dia), enquanto a Índia tinha 58 mortes e passou para 939 mortes, um aumento de 16 vezes (ou 11,3% ao dia) e, no mesmo período, a África do Sul passou de 5 mortes para 90 mortes, um aumento de 18 vezes (ou 11,8% ao dia). Nota-se, portanto, que à exceção da China, os outros 4 países do BRICS apresentam altas taxas de avanço da pandemia, embora em patamares diferenciados.
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Veja o que já enviamosA pandemia, o pandemônio econômico e o pandemônio político
A pandemia do novo coronavírus gerou um pandemônio econômico global e, segundo projeções do FMI, o mundo deve passar pela maior depressão econômica da história do capitalismo em 2020. Algumas nações vão sofrer mais do que outras. Mas, de um modo geral, os países estão se unindo politicamente para enfrentar a emergência sanitária e a emergência econômica. Todavia, no caso brasileiro não é bem assim, pois dois ministros de peso foram defenestrados, Luiz Henrique Mandetta, do Ministério da Saúde e Sérgio Moro, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. E o outro ministro forte, Paulo Guedes, da Economia, está em situação delicada, pois foi deixado de fora de uma iniciativa pretensamente importante.
[g1_quote author_name=”Dante Alighieri (1265-1321)” author_description=”Escritor” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise
[/g1_quote]Na semana passada, o governo Bolsonaro anunciou uma guinada na política econômica, com a proposta do plano Pró-Brasil. Embora seja um “plano” que se resume a 7 slides, anunciados pelo ministro Braga Netto, da Casa Civil, o “Pró-Brasil” foi apresentado com um orçamento de R$ 30 bilhões vindos do Tesouro e R$ 250 bilhões em concessões à iniciativa privada. Mas não estão claros os detalhes e o prazo para execução do plano e é muito estranho que uma iniciativa assim seja feita de forma tão amadora e sem os fundamentos quantitativos e metodológicos requeridos. Parece até mais uma distração para a falta de determinação ao combate da covid-19. Nitidamente, está faltando articulação e coordenação da governança nacional para colocar a pandemia sobre controle.
A pandemia e o acidente nuclear de Chernobyl
Em conferência ocorrida no aniversário do acidente nuclear de Chernobyl (25 e 26 de abril de 1986), o filósofo Francis Fukuyama abriu o debate intitulado “A lição de Chernobyl em tempo de pandemia”, dizendo: “Não creio que seja uma crise sem precedentes na história, mas é sem precedentes na vida de qualquer um de nós. Uma crise de escala global, que se desenvolveu tão rapidamente e que provavelmente terá profundas consequências econômicas para quase qualquer pessoa no mundo. Eu acho que é apropriado falar sobre isso no aniversário do desastre nuclear de Chernobyl, porque existem muitas semelhanças. Em certos termos, ambas foram causadas pelas modernas tecnologias. É claro que o vírus não é moderno, mas sua transmissão em um sistema de transporte e comércio globalizado foi possível graças às condições tecnológicas de nossa era. A ameaça que isso representa para as nações é semelhante à de Chernobyl e houve respostas semelhantes de governos de diferentes tipos: governos que procuram esconder o que está acontecendo e governos transparentes. Estamos descobrindo quais governos são capazes e quais não são”.
Frase do dia 28 de abril de 2020
“No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”.
Dante Alighieri (1265-1321)
Vocês com certeza não devem estar parametrizando o CAOS vocês estão construindo ele.
De que adianta ficarem nas trincheiras do denuncismo? Fazendo o pânico se instaurar. É vergonhosa a atitude de vocês com essa postura. Aqui é BRASIL não é YANKELANDIA!