ODS 1
#RioéRua: comida para ver a vida passar devagar

Da Zona Norte a Zona Sul, passando por Tijuca e Centro, um roteiro de bares com petiscos perfeitos para acompanhar conversa e birita


Da Zona Norte para a Tijuca; nas palavras de Aldir Blanc, quem diz que mora na Tijuca “pode morar no Largo da Segunda-Feira, no Maracanã, no Andaraí, em Vila Isabel, em Aldeia Campista; digamos que, entre o Estácio e o Grajaú, tudo é Tijuca”.- explicou o mestre, nascido no Estácio, criado em Vila Isabel, e morador, por décadas, na Muda. Nessa área da cidade, moram também as tradicionais e imbatíveis empadas do Salete – abertura para outras especialidades como os risotos – ali perto da estação Afonso Pena, do metrô. A partir da mesma estação, para os lados do Estácio, podemos encontrar o pastel de jiló com calabresa e outros quitutes do Bar Madrid. E, lá pelas bandas da Praça da Bandeira, a meio caminho das estações Afonso Pena e Estácio, da Linha 1, e São Cristóvão, moram os hoje lendários e copiadíssimos bolinhos de feijoada do Aconchego Carioca, de Katia Barbosa, que também nos oferece camarão na moranga e risoto de rabada, entre outras especialidades. E, no caminho da Muda e da Usina, residem os bolinhos de arroz – com linguiça e queijo – do Bar do Momo, que ainda tem bolovo (bolinho com ovo e bacalhau) e farol de milha (carne, linguiça, queijo meia cura e ovo), Isso sem falar no bolinho de mortadela, do Bar da Frente, das sardinhas do Bode Cheiroso, do pastel de feijoada do Bar da Gema – a Tijuca é grande.

O centro da cidade é lugar de trabalho e hora de almoço. Meu pai foi quem me guiou pelos melhores restaurantes da região, muitos precocemente falecidos: Ficha, Real Peixadas, A Lisboeta, Penafiel. Mas também tem lugares para só beber e beliscar, sem necessário compromisso para almoço. Vale para os legítimos bolinhos de bacalhau – em formato português, como um charuto – da Adega Flor de Coimbra na Lapa, que pode anteceder um prato tradicional; vale para o pernil aperitivo ou outros petiscos de pernil do Opus, na Gonçalves Dias, que pode (ou não) substituir o clássico sanduíche; vale para as fritadas da Casa Paladino; ou mesmo para os tremoços, coisa mais simples e tão difícil de encontrar, do Armazém. Como vale também para o bolo de carne ou os pepinos do Bar Brasil, as salsichas do Bar Luiz, a linguiça da Casa Urich, os miúdos do Angu do Gomes…

Como todos que já me acompanharam por outros caminhadas, termino esta viagem inapelavelmente no Bracarense que fica a três quadras de onde moro aqui no Leblon – é praticamente um segundo lar. Os bolinhos de camarão e catupiry, com massa de aipim, já foram notícia até no New York Times, Os bolinhos de bacalhau têm seguidores fiéis. Eu me alinho ao caldinho de feijão e as porções de pernil e costela de porco – além de uma barriguinha de porco, recém-incorporada ao cardápio como já revelei em crônica recente, que faz o colesterol subir só de olhar. Na pandemia, estou aprendendo a cozinhar e preparar uns pratos. Mas nada substitui o prazer de petiscar uma dessas iguarias, tomando algumas, conversando com amigos e desconhecidos, e vendo a vida e a rua passarem devagar.
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Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade
Gostaria de conhecer local endereço quais as iguarias que tem